Blog: Deusinha, como foi a sua infância e onde passou?
Deusinha:
A minha infância foi boa
eu não reclamo de nada
passei onde nasci
também onde fui criada
passei minha infância no Córrego
que é minha terra amada
Blog: Onde começou e terminou seus estudos e que curso você fez?
Deusinha:
Comecei a estudar
no Córrego onde nasci
primeiro e segundo ano
do primário fiz aqui
o terceiro e quarto ano
quinta e sexta em Apodi
A sétima e oitava série
foi muito especial
estudei em Mossoró
em um Colégio estadual
que era chamado por todos
de União Caixeral
Primeiro, segundo e terceiro
ano de segundo grau
eu saí de Mossoró
prá estudar na capital
foi assim que terminei
um curso técnico em Natal
Blog: Porque parou os estudos e optou pela poesia?
Deusinha:
Porque na época não tinha
nada para eu optar
tinha que retornar ao meu lugar
com o pouco que sabia
comecei fazer poesias
descobri uma vocação
fiz paródias e gostei
de exercer essa profissão
Terminei segundo grau
ainda tentei vestibular
mas na época pra passar
só com muita inteligência
foi tão alta a concorrência
quase ninguém foi capaz
no dia todos disseram
Vestibular nunca mais
Mas ainda vou estudar
o estudo é muito importante
a educação é brilhante
aproveita seu saber
Exige bem de você
lhe dá boa profissão
ninguém pode ganhar bem
sem ter diploma na mão.
Blog: Você tem outro diploma além do técnico de contabilidade?
Deusinha:
Tenho o de telefonista
e o de datilografia
quero o de computação
pois vou precisar um dia
mas o diploma que prefiro
é o meu da poesia.
Blog: Deusinha como poetisa você recebe muitos elogios diariamente por radialistas, admiradores de sua arte, etc. Você é convencida de que é a melhor poetisa popular do Córrego?
Deusinha: Não. Posso admitir ser mais uma no meio de tantos outros que também tem essa vocação. Só porque muitas pessoas não me consideram uma analfabeta, não quer dizer que seja uma doutora. Tomo muito cuidado com os elogios que recebo, pois às vezes eles são sem motivo. Quando os recebo, não me convenço, e desprezo-os. É sublime recebermos elogios verdadeiros, mas se eles forem realmente verdadeiros, eu sinto tocar profundamente em mim
Blog: Já tem comentários que você vai escrever um livro em rimas. Você já nos mostrou que é boa nisso. Agora nos diga, com sinceridade, se você se sente realizada profissionalmente e se realmente vai fazer esse livro?
Deusinha: Está muito cedo para um realização profissional. Sou consciente que é muito longa a estrada que tenho que percorrer, como também o caminho que me leva a experiência. Depois de ter percorrido essa longa estrada quem sabe eu não alcance, lá no topo, onde todos sonham chegar. Vou fazer um livro sim, mas não tenho pressa, preciso de um braço forte e de uma mão amiga, entende?...
Blog: Você acha satisfatória a recompensa financeira de um poeta, por um trabalho tão difícil como a arte de fazer verso?
Deusinha: Nós que fazemos poesias somos mais ligados a afetividade e ao sentimentalismo. Isso faz com que nossa poesia sobreviva. Pois nossa sobrevivência mesmo vem de outras profissões. Infelizmente por aqui, eu não conheço nenhum poeta que sobreviva de sua arte, pois sempre ama o que faz e lamenta o que recebe.
Blog: Se uma pessoa chegar até você dizendo que não gosta de suas poesias, o que você faz?
Deusinha: Simplesmente aceito a opinião dela. Afinal de contas, ninguém é obrigado a gostar do que faço.
Blog: Obrigado
Deusinha: De nada. Foi um prazer
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